10.10.10

Toda corrente de água desliza entre duas margens.
Margens que detêm e ordenam.
Que impedem de invadir os campos.
Que lhe traçam um caminho.
Duas margens que permitem essa água
formar um todo e realizar sua tarefa:
regar as planícies através das quais desliza.
E as margens ficam distantes uma da outra...
Elas, porém,
podem unir-se.
Aproximar-se.
Fundir-se quase,
quando sobre as águas se estende uma ponte.
E olhando a ponte sente-se a tarefa imensa
e ao mesmo tempo agradável,
executada pela ponte.
Como um abraço amigo aproxima duas separações.
Como um diálogo silencioso faz conversarem duas solidões.
Como a mão estendida fraterniza dois estranhos.
Se a ponte pudesse sentir,
poderíamos, sem medo, qualificá-la de feliz.
Feliz por ser capaz de tornar o outro feliz.
E nunca se colhe maior felicidade do que quando se semeia felicidade.
Por isso, tem a ponte, para cada um de nós,
um profundo e significativo simbolismo.
É a lição perene, silenciosa e rica,
no dia-a-dia de sua missão de ligar e aproximar.
De cortar distâncias.
De separar abismos.
Por isso, diante de uma ponte
nos ocorre reflexões que alguém escreveu:...
em êxtase contemplativo olho a ponte,
admiro a ponte, escuto a linguagem da ponte:
“Sou forte, terrivelmente forte,
resisto a todos e permaneço sempre estática,
mas perseverante em meu posto de serviço".
O segredo de minha força?
De minha perseverança?
O segredo de minha grandeza?
Nasci para u-nir. Vivo para unir.
Sirvo para unir!
Senhor, quero ser ponte também!
Que divino ideal para minha vida cristã!
Para minha vida em comunidade com os homens,
com meus amigos.
Ser ponte!
Unir a terra aos céus!
Unir os corações entre si.
Unir os desunidos.
Unir os desencontrados.
Unir os corações.
"Senhor,
na estrada da vida,
de tantas vidas que por mim passam,
quero ser ponte e jamais a muralha.
Quero ser passagem para os corações chegarem a ti."

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